14/04/2024

Recomendações do mês de abril: C94, C98 e NGC4103

Neste mês de Abril de 2024 a sugestão de observação é de três Objetos de Céu Profundo (DSOs) da Constelação do Cruzeiro Sul (Crux). São os Aglomerados Abertos C94, também conhecido como "Caixa de Joias" de magnitude +4.2, C98, o "Aglomerado do Saco de Carvão", de magnitude +6.9  e NGC4103, o aglomerado "The Long Tail", de magnitude +7.3.

Os observadores localizados no Hemisfério Sul são privilegiados por poderem observar a Constelação do Cruzeiro do Sul. Charles Messier não teve este privilégio, pois seu observatório ficava em Paris, muito ao Norte, portanto não há objetos do Cruzeiro do Sul no Catálogo Messier.

Entretanto, o Catálogo Caldwell incluiu dois DSOs do Cruzeiro do Sul: C94 e C98, muitos interessantes e fáceis de observar. Indicamos um terceiro DSO do New General Catalogue (NGC) para mostrar que existem muitos outros belos DSOs, fáceis de observar com telescópios de iniciantes. Sua localização e de muitos outros, consta no aplicativo Stellarium.

Os DSOs do Hemisfério Sul só foram descobertos depois que o astrônomo francês Nicolas-Louis de Lacaille, em 1750, fez observações astronômicas no Cabo da Boa Esperança, atual Cidade do Cabo na África do Sul. Posteriormente o astrônomo Irlandês James Dunlop, em 1820, fez também muitas descobertas interessantes na Austrália. 

Figura 1 - Localização de C94, C98 e NGC4103. Imagem obtida do aplicativo  Stellarium.

Crux, também conhecido como Cruzeiro do Sul, é uma constelação localizada no céu meridional em uma porção brilhante da Via Láctea. Apesar de ser a menor das 88 constelações modernas,  é uma das mais facilmente reconhecíveis por formar um brilhante asterismo na forma de uma cruz.

Sobressaindo no asterismo está a mais meridional estrela de primeira magnitude e  mais brilhante da constelação, a branco-azulada Alpha Crucis ou Acrux (mag 0.67).

As demais estrelas, decrescendo em brilho no sentido horário são: Beta (mag 1.15), Gamma (mag 1.63, uma das gigantes vermelhas mais próximas da Terra), Delta (mag 2.7) e Epsilon Crucis (mag 3.72), também conhecida como Intrometida.

Os historiadores geralmente consideram João Faras (o Mestre João), astrônomo e médico que acompanhava Pedro Álvares Cabral na descoberta do Brasil em 1500, o primeiro europeu a representar o Cruzeiro do Sul corretamente. Faras desenhou e descreveu a constelação (chamando-a “Las Guardas”) em uma carta escrita nas praias do Brasil em 1º de maio de 1500 para o monarca português. Não é a toa que o Cruzeiro do Sul está na nossa bandeira nacional.

Figura 2 - Aglomerado Estrelar Aberto C94. Crédito: Wikipedia.

Neste período do ano o Cruzeiro do Sul já está visível logo após o anoitecer na direção Sul. 

Nossa primeira sugestão é o aglomerado aberto  Caldwell 94, também conhecido como C94, NGC 4755, Kappa Crucis Cluster ou simplesmente Caixa de Jóias. Originalmente descoberto por Nicolas Louis de Lacaille em 1751-1752  este aglomerado foi mais tarde denominado Caixa de Jóias pelo famoso astrônomo John Herschel quando ele descreveu sua aparência vista pelo telescópio como "... uma excelente peça de joalheria sofisticada". 

C94 tem magnitude de 4.2 e é um do Aglomerados Estrelares mais jovens conhecidos, com sua idade estimada em apenas 16 milhões de anos. Está a 6.44 mil anos luz da Terra. Consiste em mais de 100 estrelas, sendo que as mais brilhantes são supergigantes azuis. C94 é visível a olho nú como uma estrela nebulosa e é de fácil localização a partir da estrela Beta Crucis (Mimosa).

Com um pequeno telescópio de 70 mm de abertura e utilizando uma ocular de baixa ampliação que dê um campo de visão maior que 1⁰, C94 aparecerá na ocular ao lado de  Beta Crucis. Entretanto sua beleza se acentua com uma ampliação maior que 90 vezes.

Figura 3 - Aglomerado Estrelar Aberto C98. Crédito: Wikipedia.

Nossa segunda recomendação é o Aglomerado Estrelar Aberto C98 também denominado NGC4609 e Coalsack Cluster (Aglomerado Saco de Carvão). C98 tem magnitude aparente de +6.9 e diâmetro aparente de 6.5 minutos de arco. Está situado além da Nebulosa do Saco de Carvão, a uma distância estimada de 4.500 anos luz do Sol.

Foi descoberto pelo astrônomo James Dunlop em 1826, usando  um  telescópio refletor com abertura de 9 polegadas. C98 é um Aglomerado de idade intermediária estimada em 83.2 milhões de anos.  É um aglomerado pouco povoado com apenas 33 estrelas identificadas.

Para localizar C98 sugerimos começar pela estrela Acrux. Em seguida, utilizando uma ocular de baixa ampliação, localize a estrela Bz Crucis, de magnitude 5.31, a apenas 2.3⁰ a NE de Acrux. C98,  fica a apenas 5 minutos de arco de Bz Crucis. É difícil de visualizar por ser um Aglomerado pequeno e tênue. Sugerimos então utilizar uma segunda ocular de maior ampliação. Possivelmente será necessário observar com visão periférica pois as três estrelas mais brilhante são apenas de magnitude 9.

Figura 4 - Aglomerado Estrelar Aberto NGC4103. Crédito: Wikipedia.

Nossa última recomendação é o Aglomerado Estrelar Aberto NGC 4103, conhecido também como The Long Tail  Cluster. Tem magnitude igual a +7.3 e diâmetro aparente de 7.8 minutos de arco. Foi descoberto por James Dunlop em 1826 e está localizado a aproximadamente 5.000 anos-luz de distância da Terra. Tem uma idade estimada de 25 milhões de anos, seu diâmetro é de 42 anos luz e possui cerca de 200 estrelas.

É facilmente observável com um pequeno telescópio. Sugerimos iniciar a observação pela estrela Epsilon Crucis. NGC4103 fica a apenas 2.3⁰ ao Norte desta estrela e é cercado por um conjunto de estrelas de magnitude 6 o que facilita sua localização.

NGC4103 possui 10 estrelas de magnitude 9. Apesar de sua magnitude combinada ser maior que C98 é mais fácil de visualizar e mais interessante de observar.

Essas foram as indicações do mês: dois  Aglomerados Abertos do Catálogo de Caldwell, muito fáceis  de localizar que esperamos sirvam de incentivo para obtenção do Certificado de Observador  do Catálogo Caldwell. A terceira sugestão teve o objetivo de  estimular aqueles que têm apenas um pequeno telescópio e céus não muito escuros na busca de novos DSOs além dos Catálogos de Messier e Caldwell.

Desejamos ótimas noites de observações para todos.

 

Álvaro Borges

alvaromborges54@gmail.com

12/04/2024

 

Referências:

Cruzeiro do Sul, Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Crux

Jewel Box (star cluster), Wikipedia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Jewel_Box_(star_cluster)

NGC 4609, Wikipedia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/NGC_4609
 
NGC 4103, Wikipedia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/NGC_4103

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24/03/2024

Recomendações do mês de Março: NGC3114 e NGC3293.

Neste mês de Março de 2024 a sugestão de observação são de dois Objetos de Céu Profundo (DSOs) da Constelação de Carina (Quilha). São os brilhantes Aglomerados Abertos NGC3114, também conhecido como "Hand Cluster", de magnitude +4.2 e  NGC3293, também conhecido como "Gem Cluster", de magnitude +4.7.

Esses DSOs  não constam nem do Catálogo Messier nem do Catálogo Caldwell mas têm seu código de identificação do New General Catalogue (NGC). A ideia é mostrar que existem muitos outros belos DSOs fáceis de observar com telescópios de iniciantes. Suas localizações, e de muitos outros, constam no aplicativo Stellarium.
 
Nós, observadores localizados no Hemisfério Sul, somos privilegiados por podermos observar a Constelação de Carina. Charles Messier não teve este privilégio, pois seu observatório ficava em Paris, muito ao Norte.

O Catálogo Caldwell selecionou cinco DSOs em Carina, entre eles C92, a famosa Nebulosa Eta Carina, mas existem muitos outros interessantes e fáceis de observar esses dois DSOs de Carina só foram descobertos depois que o astrônomo francês Nicolas-Louis de Lacaille, em 1750, fez observações na África do Sul e posteriormente o astrônomo Irlandês James Dunlop, em 1820, na Austrália. 

Figura 1 - Localização de NGC3114 e NGC3293. Imagem obtida do aplicativo  Stellarium. 

Sugerimos começar as observações logo ao anoitecer, localizando na direção Sul a estrela Canopus, de magnitude  -0.55, a mais brilhante estrela de Carina e a segunda do céu noturno.
 
Em seguida, um pouco abaixo de Canopus é fácil identificar o famoso asterismo "Falsa Cruz", constituído pelas estrelas Markeb (mag +2.41) e Delta Velorum (mag +1.95) na constelação de Vela; e Avior (mag +1.99)  e Aspidiske (mag +2.28) na constelação de Carina. Este asterismo recebe esse nome por ser semelhante e ter a mesma orientação do Cruzeiro do Sul. 

Entretanto  as estrelas que constituem a "Falsa Cruz" são menos brilhantes e a cruz é maior. Por estarem muito próximos às vezes são confundidas entre si. Partindo da estrela Aspidiske (Iota Carinae), braço esquerdo da "Falsa Cruz", em direção ao horizonte, a apenas 5⁰ encontra-se nossa primeira sugestão: NGC3114.

 
Figura 2 - Aglomerado Estrelar Aberto NGC3114. Crédito: Wikipedia.
 
NGC3114 é um Aglomerado Aberto descoberto pelo astrônomo James Dunlop em 1826, usando um telescópio refletor com abertura de 9 polegadas. Tem magnitude aparente de +4,2 e diâmetro aparente de 35 minutos de arco.
 
É classificado no sistema Trumpler como tipo II 3 r, ou seja, concentração média, muito luminoso e com muitas estrelas. NGC3114 está a 2.9 mil anos luz da Terra e tem uma idade estimada entre 100 e 200 milhões de anos. Seu diâmetro é de 42 anos luz e estima-se possuir 170 estrelas. É facilmente observável com um pequeno telescópio de 70 mm de abertura.
 

Figura 3 - Aglomerado Estrelar Aberto NGC3293. Crédito: Wikipedia.
 
Nossa próxima recomendação é  o Aglomerado Estrelar Aberto NGC3293 que tem magnitude aparente de +4,7 e diâmetro aparente de 8.2 minutos de arco. NGC3293 está a 8.4 mil anos luz da Terra e tem uma idade estimada entre 12 a 15 milhões de anos. Seu diâmetro é de 13.2 anos luz.
 
Foi descoberto por Nicolas-Louis de Lacaille em 1751. Consiste em mais de 100 estrelas com  magnitudes menor que +14, as mais brilhantes das quais são supergigantes azuis de magnitude aparente +6,5 e +6,7.
 
NGC 3293, era apenas uma nuvem de gás e poeira há cerca de dez milhões de anos atrás, mas à medida que as estrelas se começaram a formar transformou-se no brilhante grupo de estrelas jovens que permitem aos astrónomos aprender mais sobre o processo de evolução estelar.
 
NGC 3293 é fácil de localizar, fica a apenas 2⁰ acima do centro da brilhante Nebulosa Eta Carina de magnitude +1.0. É facilmente observável com um pequeno telescópio de 70 mm de abertura e sua beleza se acentua com  ampliação de 90 vezes. Não é atoa que é conhecida como Aglomerado da Gema ou Pequena Caixa de Joias.
 
Essas foram as indicações do mês, dois brilhantes Aglomerados Abertos não contidos nos Catálogos de Messier e Caldwell. Esperamos que estas sugestões abram novos horizontes na busca de novos DSOs e estimule aqueles que têm apenas um pequeno telescópio e céus não muito escuros.
 
Ótimas noites de observações para todos.
 
Álvaro Borges 
alvaromborges54@gmail.com
20/03/2024
 
Referências:
 
Carina (Constelação), Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Carina_(constela%C3%A7%C3%A3o)
 
Carina (Constellation), Wikipedia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Carina_(constellation)
 
Falsa Cruz, Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Falsa_Cruz
 
James Dunlop, Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Dunlop
 
NGC 3114, Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/NGC_3114
 
NGC 3114, Wikipedia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/NGC_3114
 
NGC 3114 Star Cluster Facts, Universe Guide. Disponível em: https://www.universeguide.com/cluster/ngc3114
 
NGC 3293, Wikipedia.  Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/NGC_3293
 
O enxame estelar NGC 3293, ESO. Disponível em: https://www.eso.org/public/portugal/images/eso1422a/
 
Nicolas-Louis de Lacaille, Wikipedia.  Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Nicolas-Louis_de_Lacaille

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12/02/2024

Recomendações do mês de fevereiro - M41 e C50

As recomendações do mês de fevereiro de 2024 são de dois aglomerados abertos nas constelações do Unicórnio (Monóceros) e do Cão Maior (Canis Major).

Nossa Jornada começa pelo aglomerado aberto M41 também conhecido como NGC 2287 localizado na constelação do Cão Maior. Esse aglomerado possui magnitude 4,5, distante de nós cerca de 2300 anos luz esse objeto foi descoberto pelo astrônomo italiano Giovanni Battista Hodierna antes de 1654 e possivelmente visto por Aristóteles por volta de 325 AC.
Figura 1 - M41 - Créditos: NOIRLab/NSF/AURA

Localizar M41 é uma tarefa simples, a final ele está distante cerca de 4 graus da estrela Sirius, a mais brilhante do céu noturno e possui um tamanho aparente de cerca de 38 minutos de arco(aproximadamente o tamanho da lua cheia no céu). Mesmo com um equipamento de pequeno porte é possível resolver o aglomerado com certa facilidade.
Figura 2 - Localização de M41 - Créditos: The Sky Live

Nossa próxima recomendação é de um aglomerado aberto localizado na constelação do Unicórnio, especificamente no coração da Nebulosa Rosetta (C49), trata-se de C50, conhecido também como NGC2244. Esse aglomerado foi descoberto pelo astrônomo real John Flamsteed em 1690, com magnitude 4,8 esse aglomerado está distante de nós cerca de 5200 anos luz, possuindo um tamanho aparente um pouco menor que a lua cheia no céu. As estrelas que formam esse aglomerado estão intimamente ligadas a nebulosa Rosetta, tendo sido formadas a partir da matéria dessa nebulosa.  


Figura 3 - C50 ou NGC 2244 ao centro da Nebulosa Rosetta - Créditos: APOD

Localizar C50 é uma tarefa facilitada pois é um aglomerado brilhante. Tomando como referencia a estrela Betelgeuse tente localizar nas imediações a estrela dupla Epsilon da constelação do Unicórnio e a cerca de 2° de distancia dessa estrela estará C50.

Figura 4 - Localização de C50 ou NGC 2244 - Créditos: Waloszek

Essas foram as indicações do mês, dois aglomerados bem fáceis de observar, ideais para quem quer incluir em suas listas de 1° e 2° graus dos catálogos de Messier e Caldwell.

Referencias:

MESSIER 41.  Messier objects. Disponível em: https://www.messier-objects.com/messier-41/ .Acesso em Fev.2024.

M41, NGC2287. NOIRLab. Disponível em:  https://noirlab.edu/public/es/images/noao-m41/ .Acesso em Fev.2024

MESSIER 41. The Sky Live. Disponível em:  https://theskylive.com/sky/deepsky/messier-41-object . Acesso em Fev.2024.

NGC2244 and NGC2237. Messier Seds. Disponível em:  http://www.messier.seds.org/xtra/ngc/n2244.html .Acesso em Fev.2024. 

THE ROSETTE NEBULA. APOD NASA. Disponível em:  https://apod.nasa.gov/apod/ap170214.html .Acesso em Fev.2024.

NGC 2237/2244 (ROSETTE NEBULA). Waloszek. Disponível em:  http://www.waloszek.de/inhalt_astro_dso_ngc2237_2244_e.html . Acesso em Fev.2024.

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23/01/2024

Conjunção de Vênus com M20 e M21


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Figura 1 - Posição relativa entre Vênus, M20 e M21 no momento da conjunção. Simulação no aplicativo Stellarium. 

Um pouco antes do amanhecer do dia 24 de janeiro de 2024 ocorrerá uma conjunção entre o Planeta Vênus e os objetos de céu profundo (DSOs) Messier 20 e Messier 21. O melhor momento de observação será às 04:15 horas, quando os três objetos estarão num campo visual de 1⁰ na Altitude de 15⁰.


Estas informações são para a cidade do Rio de Janeiro. Para outros locais de observação sugerimos consultar o aplicativo Stellarium.  A direção de observação será de ESE (Azimute de 108⁰). A Lua, apesar de estar com 93% de iluminação,  não interferirá na observação pois já terá se posto a Oeste.


O Sol só nascerá às 5:30 horas, mas o crepúsculo se inicia às 04:20 horas, portanto tem-se poucos minutos de céu totalmente escuro e Altitude adequada para a observação. Sugerimos iniciar a observação às 04:00 horas. Vênus estará com 84% de iluminação, magnitude de -3.88 e diâmetro aparente de 12.64 segundos de arco.

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Figura 2 - Messier 20, Nebulosa Trifida. Simulação no aplicativo Stellarium. 


M20 (NGC 6514), a Nebulosa Trifida, é uma Nebulosa de Reflexão e Emissão combinada com um Aglomerado Estrelar Aberto. Tem uma magnitude de +6.28 e um diâmetro aparente de 28 minutos de arco. Suas quatro estrelas mais brilhantes têm magnitudes de +5 a +7.


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Figura 3 -  Aglomerado Estrelar Aberto Messier 21. Simulação no aplicativo Stellarium.

M21 (NGC 6531) tem uma magnitude de +5.88 e um diâmetro aparente de 6 minutos de arco. Suas 11 estrelas mais brilhantes tem magnitudes entre +7 a +9. Os dois objetos ficam na constelação zodiacal de Sagitário e muito próximos da Eclíptica, por essa razão ocorrem eventualmente conjunções de M20 e M21 com os planetas e a Lua.

Recomendamos observar esta conjunção com um telescópio. Por exemplo, um pequeno telescópio refrator de 70 mm de abertura e 900 mm de distância focal  (DF) já é suficiente,  combinado com uma ocular de 20 mm de DF com 68⁰ de campo de visão (FoV) aparente.

Esta configuração fornece uma ampliação de 900÷20=45 vezes com um FoV Real de 68⁰÷45=1.5⁰, possibilitando observar  os três objetos simultaneamente no campo de visão da ocular.  Vênus terá a aparência de um pequeno disco brilhante ao lado das tênues estrelas de M20 e M21. Devido ao elevado brilho de Vênus sugerimos o uso de um filtro lunar.

Desejamos a todos boa sorte, um céu limpo e excelente noite de observação. 
Álvaro Borges 
alvaromborges54@gmail.com 
15/01/2024

04/01/2024

Recomendações do mês de janeiro – M93 e C71

As recomendações do mês de janeiro de 2024 são de dois aglomerados abertos do hemisfério celestial sul da constelação da Popa ou Puppis.

Nossa jornada começa pelo aglomerado aberto M93 também conhecido como NGC2447 ou agrupamento borboleta. Descoberto por Charles Messier em março de 1781, esse aglomerado aberto se estende por 22 minutos de arco pela abóboda celeste, estando distante de nós cerca de 3600 anos luz. Com 6,0 de magnitude é facilmente visível com binóculos e pequenos equipamentos revelando uma espécie de triangulo formado pelas estrelas mais brilhantes do aglomerado.

Figura 1 – M93 – Creditos: Wikisky

Localizar M93 é tarefa facilitada pois há uma vizinhança estelar rica em estrelas brilhantes, como Sirius. Tomando como referência a estrela Xi puppis (Azmidi) de magnitude 3.30, M93 está pouco mais de 1° de distância.

Figura 2 – Localização de M93 – Créditos: The Sky Live

Dando continuidade as nossas indicações conheceremos o aglomerado aberto C71 também conhecido como NGC2477, ou Eletric Guitar Cluster. Descoberto pelo astrônomo francês Lacaille em 1751, esse aglomerado possui magnitude 5,8 e está distante de nós cerca de 4000 anos luz. Visível com certa dificuldade a olho nu, mostra todo o seu esplendor mesmo em equipamentos modestos como binóculos e telescópios de pequeno porte.

 

Figura 3 – C71 – Créditos: Astrowas Astrobin

Localizar C71  é tarefa fácil, pois há uma vizinhança rica em estrelas brilhantes. C71  está a mais ou menos 2° de distância da estrela Naos (Zeta Puppis) que possui magnitude 2,2.

Figura 4 – Localização de C71  – Créditos: The Sky Live

Essas foram as indicações do mês, dois aglomerados bem fáceis de observar, ideais para quem quer incluir em suas listas de 1° e 2° graus dos catálogos de Messier e Caldwell.

Referencias:

MESSIER 93. Messier objects. Disponível em: https://www.messier-objects.com/messier-93/  . Acesso em Jan.2024.

MESSIER 93.  The Sky Live. Disponível em: https://theskylive.com/sky/deepsky/messier-93-object. Acesso em Jan.2024.

MESSIER 93. Wikisky. Disponível em: http://www.wikisky.org/starview?object=Messier+93 . Acesso em Jan.2024.

CALDWELL 71. Nasa. Disponível em:https://science.nasa.gov/mission/hubble/science/explore-the-night-sky/hubble-caldwell-catalog/caldwell-71/. Acesso em Jan.2024.

NGC2477.  The Sky Live. Disponível em: https://theskylive.com/sky/deepsky/ngc2477-object. Acesso em Jan.2024.

NGC 2477 ELETRIC GUITAR CLUSTER. Astrobin. Disponível em: https://www.astrobin.com/a83s3t/B/  .Acesso em Jan.2024.

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