COMISSÃO CLUBE MESSIER-POLMAN DA UBA

GALERIA DOS NOTÁVEIS

PRIMEIRA MULHER NOS 50 ANOS DA U.B.A. !!!

     Muito orgulhosamente temos neste mês de Julho na "GALERIA MENSAL DOS NOTÁVEIS", a entrega do primeiro Certificado de 1º Grau do Clube Messier-Polman (após a reativação da U.B.A., em Janeiro último).
   
     Mas, esse orgulho não se limita apenas a esse feito, embora nos tempos atuais onde somos acometidos de muita Poluição Luminosa, e Atmosférica em diversos centros urbanos, e some também, um certo "comodismo" de muitos em não observarem o céu, seja por telescópios, binóculos, ou a simples vista desarmada (olho nu), é extraordinário a dedicação em se observar 30 objetos Messier (galáxias e aglomerados) que compreendem as metas de obtenção do Certificado de 1º Grau do Clube Messier-Polman. Na verdade, esse orgulho nos chega mais peculiar pelo fato da pessoa certificada ser uma mulher, e mais ainda, ela ser a primeira mulher do Clube Messier da U.B.A., que recebeu um certificado observacional dos objetos Messier nos seus 50 anos de existência. Fato este também de destaque nos 35 anos da entidade parceira do Clube Messier-Polman que é a Associação Astronômica de Pernambuco - A.A.P.

     Essa verdadeira "Mulher Maravilha" é a Colaboradora Lucivânia Souza, residente na cidade de Pedra Lavrada no Estado da Paraíba, e coordenadora do GEPEA - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação em Astronomia Rubens de Azevedo.

     Certa feita, em uma prosa com o saudoso mestre Padre Jorge Polman, ele me indagou o quanto gostaria de haver mais mulheres realizando observações sistemáticas na Astronomia onde este "campo" ainda se mostra "dominado" pelos homens desde os tempos de outrora. Assim sendo, se ele estivesse ainda vivo entre nós, tenho total plenitude que essa Certificação concebida a Lucivânia Souza o encheria de orgulho, tão quão este Coordenador aqui se mostrou ao assinar o Certificado por demais merecido.

     A prática das observações sistemáticas nos objetos Messier requer superar muitos desafios de ordem pessoal; aspectos meteorológicos com incidência de nuvens, frio, e chuvas; segurança no local das observações por compreender horas da noite, e até, adentrando nas madrugadas; limites resolutivos e de campo angular dos instrumentos utilizados pelo observador. Além disso, tem que ter e manter o "FOCO" na certeza de que é possível por parte do observador onde as vezes é acometido de uma certa "descrença", ou "desmotivação" por alguns do seu convívio diário durante as observações. Passados essas "fases" das etapas iniciais, tem a segunda "fase" que é a análise técnica de cada ficha registrada do objeto Messier onde este Coordenador é muito criterioso em analisar cada ficha desde o esboço feito à mão com o desenho ao lápis grafite (não artístico), e os demais dados observacionais contidos na ficha. O objetivo é entender o "olhar" do observador durante as observações, e imaginar um tipo de "transposição" do que foi captado pelos seus olhos, e processado em seu celebro do Messier observado, sem levar em conta o "glamour" estético que muitos Messier nos mostram. Só assim, um Certificado é emitido, e assinado que atestam perante entidades sérias na Astronomia como a U.B.A., e a A.A.P., o titulo muito justo de "OBSERVADOR (A) SISTEMÁTICA EM ASTRONOMIA".

Primeiro Certificado após o retorno da U.B.A., em Janeiro último

Relação dos 30 Objetos Messier observados, e atestados seus registros conforme as fichas da Comissão do Clube Messier-Polman 

     Parabéns Lucivânia, e tenha a certeza que você será uma inspiração, e exemplo para muitos do quanto é possível chegarmos com as Certificações de Grau do Clube Messier-Polman.
   
     Apresento-lhes abaixo o relato da nossa PIONEIRA onde muitos Colaboradores devem se espelhar em suas observações dos Objetos Messier.

"Comissão Messier-Polman – Colaboradora Maria Lucivânia Souza dos Santos

Na ocasião da chegada do Solstício de inverno no nosso hemisfério, finalizei a observação e registro dos 30 primeiros objetos messiers, atividade proposta pela Comissão Messier-Polman que, sem dúvida, foi um grande desafio para mim, ainda iniciante na Astronomia. A sensação de dever cumprido é indescritível, e se torna ainda mais intensa ao recordar as dificuldades encontradas ao longo desses 5 meses de trabalho.

Ao entrar na Comissão, eu não possuía instrumentos astronômicos para a observação, mas me animei com a possibilidade de visualizar um bom número de messiers à olho nu. Porém, a animação logo passou, pois devido ao meu problema de baixa visão não consegui observar nenhum. Foi quando ganhei uma pequena luneta, com a qual já era possível ver o M45 (Plêiades), que a olho nu eu via apenas uma manchinha.

Já estava há uns meses com um telescópio encomendado e enquanto não chegava, aproveitei para treinar o reconhecimento das constelações no céu, especialmente aquelas que tinham messiers próximos. Para isso, utilizei cartas celestes impressas e os aplicativos Star Walk 2 e o Stellarium. Depois, fui construindo uma lista dos messiers a serem observados, dividindo por área do céu, bem como desenhei alguns “mapas” de localização dos messiers, como técnica de memorização, e para evitar o uso de aplicativos no celular.

Com a chegada do telescópio (refletor dobsoniano 115mm) pude iniciar as observações, ao mesmo tempo que aprendia a utilizar o instrumento, que tem suas limitações próprias, é pesado e necessita ficar sobre uma mesa, gerando grande instabilidade durante a observação e dificultando o seu transporte. Outras dificuldades encontradas foram a falta de um local adequado e seguro para realizar as observações, de modo que pudesse passar mais tempo, e o período chuvoso na nossa região.

Alguns messiers foram particularmente difíceis de observar, não somente pelas respectivas magnitudes, mas também pela ansiedade de serem os últimos da primeira lista: M54, M55, M67 e M71. Os messiers mais fáceis de observar foram M41, M42 e M44, por se apresentarem com boa magnitude e por estarem numa área que já conhecia bem. M6, M7 e M11 são um show de beleza à parte, tanto pelo quantitativo de estrelas, quanto pelos desenhos que formam, dispensam comentários!

Algo bastante prezado pela Comissão é a utilização de metodologia científica nas observações, isso foi sempre enfatizado pelo coordenador da Comissão, então procurei seguir as dicas dadas: me programei com antecedência, escolhendo um número pequeno de messiers por noite e que estivessem relativamente próximos um dos outros; durante a observação utilizei algum método de “diário de campo”, seja um caderno de anotações, quadro branco ou áudio, isso me ajudou no preenchimento da ficha posteriormente; para garantir a sensibilidade da visão, utilizei planisférios, cartas celestes ou construí meus “mapas de messiers”, e quando optei pelos aplicativos no celular, sempre usei o modo noturno; utilizei estrelas com maiores magnitudes como referência para localizar os messiers e tive atenção especial às fases da Lua, escolhendo preferencialmente as noites de Lua Nova ou noites que a mesma nascia mais tarde; também é importante ter atenção a sua proteção (roupas adequadas, agasalhos, botas, lanterna, comida, etc.) para evitar problemas como frio, resfriados, fome, picadas de insetos e de animais peçonhentos.

Enfim, foram muitas dificuldades, mas consegui lidar com elas buscando ser sistemática antes e durante as observações. No mais, eu diria que técnica, paciência, persistência e concentração são as chaves para uma boa observação.

Meu desejo é que possamos continuar levando adiante o lema do Mestre Polman “Observar...Observar...Sempre Observar!!!”. Abraços messpolmeanos!"

Audemário Prazeres
Coordenador da Comissão do Clube Messier-Polman
A.A.P./U.B.A