BINÓCULO, UM ESQUECIDO INJUSTAMENTE, E UM AMIGO NA “CAÇA” AOS MESSIER
Perceba que o seu “sonho” em ter um telescópio pode ser algo frustrante se você não saber usar o telescópio na sua forma otimizada que se deve ter. Infelizmente, a maioria dos aficionados que conseguem um telescópio, basicamente o tiram da caixa, não fazem os ajustes necessários, e imediatamente apontam para Lua onde pensam estarem fazendo Astronomia. Mas, quando ele arrisca em observar um objeto do céu profundo (galáxias, aglomerados, e nebulosas), e mais ainda, deseja tirar fotos, torna-se uma ação que por vezes incomoda, e até impossível. Pois, esses ajustes prévios fazem com que um determinado astro fique mais tempo no campo da ocular onde praticamente se usa um movimento no eixo de Declinação para compensação da Rotação da Terra. Caso contrário, esse observador ficará fazendo movimentos de zig-zag a todo momento, e acaba desistindo de observar de forma sistemática os objetos do céu profundo por exemplo, e acaba assumindo uma postura de fracassado culpando o coitado do telescópio que não serve para essas observações.
ENTÃO, ONDE ENTRA TER UM BINÓCULO NESSE CONTEXTO???
Os binóculos não exigem carregarmos enormes tripés, tubos, e ajustes complexos. Como também, ele nos proporciona uma visão “estéreo” onde comodamente você observa com os dois olhos de maneira simultânea estando em um campo de visão bem amplo fazendo você realmente “viajar na nave” de Carl Sagan pelo Universo. E tem mais: Por incrível que possa parecer, um preço de um bom binóculo é ainda mais em conta do que certos telescópios e lunetas disponíveis para comprar.
Particularmente, sou um defensor nato dos binóculos, e sempre aconselho que os aficionados iniciantes na Astronomia passem por certos “estágios” antes de desejarem possuir um determinado instrumento, seja ele um binóculo, luneta ou telescópio. Bem como, desejem adentrar nas práticas da Astrofotografia. É necessário que o aficionado venha passar por alguns “ESTÁGIOS” são eles:
· 1° Estágio: Observem por um tempo o céu a olho nu, reconhecendo as constelações, se familiarizando com a formação de movimento das nuvens, entender o quanto a transparência (resolução) da Abobada Celeste altera no início da noite, na madrugada, e um pouco antes do amanhecer. Tente identificar os planetas, e identifique suas trajetórias na Eclíptica com as 12 constelações zodiacais. Depois, busque identificar com o apoio de um planisfério, ou programas que simulam o céu, as estrelas de 1° grandeza nas principais constelações.
· 2° Estágio: Adquira um BINÓCULO, onde acesse este artigo que elaborei com dicas e orientações que vão lhe ajudar bastante no melhor uso de um binóculo (https://uba-messierpolman.blogspot.com/search?q=OBSERVAÇÕES+DOS+MESSIER+A+OLHO+NU).
· 3° Estágio: Compre uma luneta, ou telescópio.
Se achas desnecessários esses “estágios”, e venha decidir pular para o último tendo uma luneta ou telescópio, muito provavelmente você fará parte de um grupo de aficionados que se limitam em contemplarem o céu, e não fazem observações sistemáticas na Astronomia onde cerca de 70% da produção observacional que se mostra na Astronomia vem dos astrônomos amadores sistemáticos espalhados pelo Mundo. Bem como, se achas um binóculo um instrumento precário para as suas pretensões astronômicas, faço-lhe lembrar que o primeiro telescópio de Galileu Galileu tinha uma abertura medíocre de 26 milímetros, e ampliava apenas 8 vezes onde havia uma aberração cromática significativa, e ele conseguiu revolucionar a Astronomia Moderna. Então, já se perguntou se Galileu tivesse um binóculo 10 X 50 que facilmente você encontra no Mercado com um preço acessível ???
Não perca tempo ignorando um binóculo, e se tem um esquecido nos fundos de um guarda-roupa corra para pegá-lo e faça suas observações astronômicas o quanto antes em astros bem interessantes como por exemplo:
GALÁXIAS:
a) M-31 Andromeda = Galáxia espiral de magnitude 4,8
b) M-33 Triangulum = Galáxia espiral, que curiosamente é mais visível por binóculos do que por instrumentos de médio porte. Magnitude 6,7
c) Nuvem Maior de Magalhães = Galáxia irregular bem visível no nosso hemisfério Sul, tendo uma dimensão aparente de 6º
d) Nuvem Menor de Magalhães = Galáxia Irregular, análoga a anterior, e dimensão aparente de 3,5º
NEBULOSAS:
a) M-8 Sagittarius = Nebulosa com magnitude 6
b) M-16 Serpens = Esta nebulosa, como a maioria, brilha pela ação de pequenos cúmulos de estrelas brancas e azuis em seu interior. Sua mag. é 7
c) M-17 Sagittarius = Nebulosa que lembra o número “2”, sua magnitude é 7
d) M-27 Vulpecula = Nebulosa planetária, sendo um pouco difícil observar pois sua magnitude é 8
e) M-42 Orion = “A grande nebulosa”, sua magnitude é 5
CÚMULOS:
a) M-6 Scorpius = Cúmulo galáctico de magnitude global de 4,3, fácil observação.
b) M-13 Hercules = Cúmulo globular, com aparência difusa vista de binóculos. Magnitude 6
c) M-37 Auriga = Cúmulo galáctico formado por cerca de 150 estrelas. Magnitude 6,2
d) M-44 Cancer = Cúmulo galáctico, possui uma visão excelente vista no binóculo. Magnitude 4,5
e) M-45 Taurus = Cúmulo galáctico “As Plêiades”, Muito bonito visto em binóculos.
f) M-47 Puppis = Cúmulo galáctico formado por cerca de 50 estrelas de fácil observação.
g) NGC-869 e NGC-884 Perseus = “O duplo cúmulo”, soberba visão, as vezes são vistos a olho nu.
h) Omega Centauri = Cúmulo globular gigante, composto de um milhão de estrelas com mag. Média 4.
ESTRELAS BINÁRIAS:
a) Theta (θ) Tauri = Branca e laranja
b) Ipsilon (ν) Geminorum = grande contraste
c) Alfa (α) Leonis = muito brilhante
Enfim,
VOCÊ GOSTA DA ASTRONOMIA OBSERVACIONAL???
ENTÃO, JUNTE-SE Á NÓS !!!
Audemário Prazeres
Coordenador da Comissão Clube Messier-Polman
Presidente-fundador da A.A.P., em 1985
Sempre observo com um binoculo 12×50, mas como nao tenho o tripe a imagem balança muito. Acabei de adquirir um 7×35, depois de ler um artigo seu, professor Audemario. Vamos ver como me saio com ele. Depois conto por aqui como foi. Obrigada pelas importantes informaçoes sobre binoculos.
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