05/10/2021

Recomendações do mês de Outubro - M22, C63 , C65, M42 e M43


As recomendações do mês de outubro ficaram ao cargo do Felipe Felix, membro de 4° do clube, então vamos conferir suas sugestões para esse mês.

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Para o mês de outubro sugerimos a observação de cinco objetos do céu profundo, três objetos do catálogo Messier e dois objetos do catálogo Caldwell. Os objetos escolhidos foram: um aglomerado globular, uma galáxia, uma nebulosa planetária e uma nebulosa de emissão, a fim de se obter um conjunto abrangente e que pudessem ser identificados e observados até mesmo por binóculos 10x50. 

A primeira sugestão é o aglomerado globular Messier 22 conhecido como O Grande Aglomerado em Sagitário. A observação desse objeto foi relatada pela primeira vez em 1665 pelo astrônomo amador alemão Abraham Ilhe e observado por Charles Messier em 1764.


Messier 22 – Grande Aglomerado em Sagitário

Foto: Menezes FO

Com magnitude aparente próxima de 5, é possível identificar o objeto M22 a olho nu em regiões com baixa poluição luminosa. Para localizá-lo no início de outubro, é preciso olhar para o Sul no início da noite próximo ao zênite, procure um asterismo conhecido como “bule”.  No topo do “bule” está M22, próximo à estrela Kaus BorealisSagittarii), de magnitude aproximada de 3, visível a olho nu.

Com o binóculo 20x80, é possível identificar um núcleo brilhante envolto em nebulosidade no qual em regiões de céu propriamente escuro, uma forma ovalada desse aglomerado pode ser contemplada com estrelas não resolvidas. Telescópios pequenos e médios podem resolver estrelas mais brilhantes desse aglomerado.

A segunda sugestão é a nebulosa planetária Helix (C63), um objeto do catálogo Caldwell. Apelidada de “Olho de Deus”, é um alvo frequente dos olhares curiosos dos astrônomos amadores, principalmente pelo seu formato peculiar e por suas cores vibrantes. Essa intrigante nebulosa foi vista pela primeira vez em 1862 pelo astrônomo amador alemão George Von Auwers.

Localizar a nebulosa Helix pode não ser uma tarefa tão fácil a princípio, levando muitos a desistirem nas primeiras tentativas. Por isso, a técnica de star-hopping pode ser de preciosa ajuda: sua localização pode ser traçada a partir da estrela Fomalhaut (Alpha Piscis Austrinus), a qual é visível a olho nu. A Comissão Clube Messier-Polman escreveu um artigo ensinando o uso da técnica Star-Hopping. O artigo está disponível no Boletim Ouranos referente a junho de 2021, basta acessar https://storage.googleapis.com/wzukusers/user-30142657/documents/da5ea7ae0c2347f6b48c6b9cb0504270/Boletim%20Ouranos%20ANO%20LI%20-%20Numero%202.pdf


Caldwell 63 – Nebulosa Helix

Foto: Maicon Lopes


A Nebulosa Helix não é um objeto de fácil observação, isso é um fato. Apesar do seu considerável tamanho aparente (12’x10’), essa nebulosa planetária possui um baixo brilho superficial, então é necessário que o observador se desloque para regiões de baixa poluição luminosa para notá-la. O grande esforço é recompensado pela visualização desse magnífico objeto. Recomendamos, para usuários de binóculos, uma abertura mínima de 50mm para observação desse objeto, pois como foi mencionado o baixo brilho superficial da nebulosa pode comprometer todo o trabalho do observador. Com o binóculo, será possível observar uma pequena mancha no céu e uma região escura no centro da nebulosa. Para usuários de telescópios, é aconselhável utilizar pequenos aumentos para se obter uma ampla visualização da nebulosa. Com um refletor de 200mm, as estruturas externas (“paredes”) da nebulosa podem ser observadas em um contraste maior.

A terceira sugestão é uma galáxia da constelação do Escultor, descoberta em 1783 pela matemática e astrônoma Caroline Herschel. Conhecida como Silver Coin, a C65 é uma galáxia bastante visualizada e fotografada por astrônomos amadores devido à sua espetacular beleza. É o membro mais brilhante de um grupo de galáxias chamado de “Grupo do Escultor” e é também uma das galáxias espirais visivelmente mais brilhantes do céu.


Caldwell 65 – Silver Coin

Foto: Nivardo Melo


A localização da C65 é relativamente fácil; próximo 7½° da estrela Beta Ceti e 4¾° de Alpha Scultoris (ambas visíveis a olho nu). Entre essas duas estrelas está a C65. Alguns astrônomos amadores relatam que é possível identificar essa galáxia a olho nu em uma noite de boa transparência e em regiões baixa poluição luminosa.

A Galáxia do Escultor é um ótimo objeto para ser visualizado com binóculos, até mesmo binóculos menores (7x35). Nesses instrumentos, é possível também observar um pequeno aglomerado globular (NGC 288) no mesmo campo de visão. Que maravilha! Com telescópios é possível visualizar o objeto com maior clareza e definição, e acredite, essa joia celeste possui muitos detalhes, como por exemplo, o seu núcleo que parece dois anzóis cruzados entre si.

A quarta e última sugestão é A Grande Nebulosa de Órion, um dos objetos mais lindos do céu, facilmente visível a olho nu. Tão brilhante que até mesmo em centros urbanos é possível identificá-la em noites de boa transparência. Para localizá-la, basta encontrar as “Três Marias” e desviar um pouco o olhar em direção à estrela Rigel, a estrela de brilho mais intenso de toda a constelação de Órion.


Messier 42 e 43 – A Grande Nebulosa de Órion

Foto: Paulo Régis


A aparência da Grande Nebulosa de Órion se assemelha a um grande pássaro no céu. Ela é composta por dois objetos do catálogo Messier: M42 (o corpo do pássaro) e M43 (a cabeça do pássaro).

M42 é muito brilhante e grande, então aconselhamos o uso de pequenos aumentos para observação geral desse objeto, sua forma de cometa e regiões fronteiriças. Aumentos mais elevados revelarão quatro estrelas (θ Oronis), as quais são responsáveis praticamente por toda a ionização da nuvem de gás que constitui M42. Essas estrelas formam a estrutura chamada de “Trapézio de Órion”.

Ao lado do Trapézio de Órion, é possível identificar a estrela ν Orionis, que está envolta em uma nebulosidade em formato de vírgula. Essa estrutura é a M43, a cabeça do pássaro, também conhecida como Nebulosa de Mairan, em homenagem ao seu descobridor Jean-Jacques De Mairan Dortou.  M43 possui um baixo brilho superficial, então, para sua visualização é necessário fugir da poluição luminosa. Apesar de M42 e M43 serem objetos muito próximos, são objetos diferentes e sua identificação não deve ser confundida.



Céus limpos a todos!



P.S.: Cabe destacar que, no seu binóculo ou telescópio, você NÃO vai ver os objetos aqui mencionados com toda a beleza que aparece nestas fotos. Fotografias de objetos do céu profundo (galáxias, nebulosas etc.) só conseguem captar essa miríade de cores e iluminação porque são fotografias especiais, que demandam muito tempo de exposição, tratamento de imagens e, em alguns casos, sobreposição de imagens captadas com diferentes filtros de luz. Então, não desanime se, por exemplo, você não conseguir ver a Nebulosa Helix com todas aquelas cores - não é um problema de sua visão ou de seu equipamento.




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KEPPLE, George Robert; SANNER, Glen W. The Night Sky Observer's Guide: Sring & Summer: 2. Willmann-Bell, Inc., 1998.Referências

O’MEARA, Stephen James., Deep-Sky Companions: The Messier Objects. 2a ed. Cambridge University Press, 2014.

O’MEARA, Stephen James., Deep-Sky Companions: The Caldwell Objects. 2a ed. Cambridge University Press, 2016.

NASA – Messier 22. Disponível em: https://www.nasa.gov/feature/goddard/2017/messier-22. Acesso em outubro de 2021


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