Sendo-lhes muito sincero, achei por bem narrar algumas linhas em total dedicação que tenho com a Astronomia relacionando-a ao meu saudoso Pai (foto dele ao lado da minha mãe acima).
Observar
Galáxias, Aglomerados, e Nebulosas é algo que muito nos sensibiliza seja pela
grandiosidade que esses astros possuem, ou pelo arranjo em composição que eles
se apresentam. É sempre fascinante seja para nós que desenvolvemos à
Astronomia, ou para o público leigo, imaginar e poder ver esses objetos do Céu
profundo. Mas, a minha real motivação em ter observado todos os Objetos
Messier, foi só, e unicamente, inspirado por uma justificativa infantil
repassada carinhosamente por minha mãe quando um bom pai falece, e o filho
sente saudades dele. Ou seja: no dia 04 de Fevereiro de 1971, o meu saudoso, e
querido pai, Audemário Prazeres, falece de um infarto fulminante, e como ainda
eu era criança, e não entendia bem a morte, a minha mãe me dizia quando eu
perguntada "Cadê o meu pai ???", que "O seu pai tá no Céu, junto
das estrelas". Então, eu imaginava que era possível estarmos nas estrelas,
e quando eu olhava o Céu, a estrela mais brilhante eu dizia ser a do meu Pai.
Hoje, passados todos esses anos, e com a ajuda do programa Stellarium,
consultei pela primeira vez como seria o Céu na minha terra natal Carpina, no
fatídico dia 04/02/1971, e me surpreendi com a disposição do Céu naquele dia
onde muito provavelmente a estrela que eu dizia ser do meu Pai era Siriús não
só por sabermos ser a mais brilhante vista no Céu, mas pelo arranjo em volta
envolvendo também a Lua, onde mesmo sem termos noção de Astronomia, é
inevitável uma criança não focar seus olhos em Siriús.

Eu nasci, e
morei quando criança em uma granja que foi realmente granja em tempos do meu
avô, chamada "Granja Nossa Senhora dos Prazeres" na cidade de Carpina,
zona da mata canavieira do Estado de Pernambuco, tínhamos como vizinhos de
cerca, o antigo Instituto de Álcool e Açúcar - I.A.A., onde quando criança eu
caçava, e "roubava" cana-de-açúcar para chupar em meio ao extenso canavial. Por conta de uma promessa do meu avô, que era
devoto da Santa Nossa Senhora dos Prazeres, o nosso sobrenome foi alterado por
parte de pai (antes Muniz, para Prazeres, e pelo lado de mãe, permanecem em
meus irmãos o Montenegro). Minha infância em nada se mostra associado ao campo
das Exatas ou com a Astronomia. Eu brincava entre um pomar diversificado que
havia na granja onde nasci, e adentrava ao imenso canavial do antigo I.A.A.,
para caminhar, e caçar entre as canas. Eu adorava escutar o “assobio” do vento entre
as folhas do canavial, e descascar uma cana madura onde sabia identificar as do
tipo 3X, POJ, soca, e a "moderna" 1040 que era desenvolvida nos
laboratórios do antigo I.A.A. Sempre eu fazia essas “aventuras” com uma pequena
faca peixeira para me desfrutar em rolar os gomos da cana buscando sua "alma
doce". Depois desse “deleite” que era feito de forma escondido dos vigias,
eu fazia uma urupema (tipo de camuflagem com as cascas e folhas da cana) para
não descobrirem os bagaços mastigadas das canas que eu chupava.
Eu era muito
apegado ao meu pai. Certa feita nos dias atuais, a minha irmã me disse que o
único da família que não enterrou o pai é Audemário. Confesso que ela tem mesmo razão. Afinal,
minha filha do segundo relacionamento familiar no qual formei, que possui agora
9 anos, adora o avô paterno no qual se quer ela conheceu uma vez ele ter
falecido 40 anos antes dela nascer. Então, carinhosamente ela o chama de
"Vovô Dema" (ele era chamado pelos próximos de Dema vindo de
Audemário, e o meu primeiro filho homem do primeiro relacionamento familiar
também chama-se Audemário, onde o chamamos com muito carinho de Deminha).
Desde criança
eu adorava brinquedos lógicos (foto abaixo à direita). O ato de montar e desmontar as coisas sempre me
fascinou uma vez eu querer saber como ocorria o seu funcionamento. Talvez tenha
surgido essa minha tendência pelo lado técnico, ou a iniciação científica. Uma
coisa é certa: A minha influência com a Astronomia em NADA tem haver pela
beleza dos astros, ou alguma referência cientifica tipo um astrônomo famoso como
um Carl Sagan que foi, e é para muita gente. No meu caso, tudo começou com uma
justificativa de uma boa mãe ao confortar o seu filho pela saudade do pai. Meu
pai foi um bom homem, bom pai, bom esposo, e muito trabalhador ao ponto de ter
as mãos cheias de calos ásperos por conta dele atuar no corte de couros quando
montou uma fábrica de artefatos de couro voltados para proteção individual nas indústrias.
Filho de um sapateiro (meu avô), famoso da cidade de Jaboatão dos Guararapes, o
lidar com o couro era sua paixão.

Quando adentrei
de fato na Astronomia foi 9 anos após a morte do meu pai onde eu tinha 15 anos
de idade. Nessa época era o final da década de 70, e começo de 80. Acreditem,
se alguém lhe disser que a década de 80 foi “mágica”, pode acreditar que foi
mesmo. Lembro-me da visita do Papa João Paulo II ao Recife, onde fui com minha
família vê-lo em sermão. Eu o admirava pelo fato dele ter ordenado o reexame do
processo contra Galileu Galileu. Em 1980
fiquei sabendo que foi inaugurado o maior telescópio do Brasil com espelho de
1,60 m em Brasópolis/MG, e os soviéticos da antiga URSS por meio da nave Saliut
7 colocou em órbita o primeiro satélite amador chamado "Iskara", onde
deu para nós “meros mortais amadores” da Astronomia a perspectiva de que o
Espaço tava realmente "aberto" para todos nós. Aquela época, sem o
imediatismo de uma WEB, “mastigávamos” as notícias com grande frenesi. Por
exemplo: Surgia a hipótese da extinção dos dinossauros por um cometa, e as
sondas Vênus 13 e 14 desciam pela primeira vez em um outro planeta (Vênus) com
imagens e análises onde eu amava ver essas notícias publicadas na antiga
revista Manchete que sempre em casa tinha os exemplares regularmente. Sem esquecer que o Monte Palomar fotografou o
celebre cometa Halley pela primeira vez no seu último retorno (o que me
inspirou em ser o Coordenador da primeira equipe do Brasil a redescobrir e fotografar
o Halley entre 1986/87). Mas, o que me deixava imaginando muito das coisas do
Universo, foi o fato da sonda Pionerr 10 ter deixado os limites do Sistema
Solar carregando as primeiras gravações e desenhos da Terra. Poxa..., era
impossível não "mergulhar" de vez nessa fantástica Ciência que é a
Astronomia.
Meus primeiros
instrumentos astronômicos, nos quais os tenho até o dia de hoje, foram: Um
binóculo francês da antiga marca Clarop 8 X 30 que era do meu avô, e tem mais
de 60 anos. E uma luneta refratora Tasco americana de 50 mm que tem mais de 40
anos onde ainda tenho a sua caixa de papelão. Ambos, me permitiram olhar muita
coisa ao longo dos anos, e que estão em condições de uso onde muito preservo.
Enfim, esse
meu relato não dediquei em técnicas e dicas observacionais. Isso como já disse
aqui em linhas acima, o Blogger se mostra recheado com essas informações de
todos os Messier que observei. Essa minha publicação visa um momento de nostalgia
onde dedico à todos os bons pais sejam eles amantes ou não da Astronomia.
Audemário Prazeres
Coordenador da Comissão Clube
Messier-Polman
A.A.P./U.B.A.
Parabéns pela sua postagem, meu amigo Audemário! História fascinante!
ResponderExcluirGratíssimo pelas palavras estimado Marcos. Vamos em frente uma vez a "viagem" pelo Universo é longa. Um abraço.
ResponderExcluirQue história, Audemário! Estava aqui tomando meu café e apreciando a leitura, como se você estivesse contando aqui do lado. Muito obrigada por compartilhar conosco!
ResponderExcluirEstimada Lú, atividades nas quais não visamos atender o lado de uma profissão é compreendida por vezes como um hobby. Porém, quando comentamos a sua origem em nós, é impossível dissociarmos da paixão que carregamos. Obrigado por suas palavras.
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