COMISSÃO CLUBE MESSIER-POLMAN DA UBA

 GALERIA DOS NOTÁVEIS

Parte 1

     Existem algumas perguntas nas quais as pessoas sempre nos indagam na Astronomia além de nós astrônomos se acreditamos em Ets (risos...). Confesso haver uma pergunta em especial, e que me desperta à atenção em responder associada aos objetos do céu profundo, ou seja: "Ainda é possível realizarmos tais observações astronômicas diante tanta Poluição Luminosa, e Atmosférica nos tempos atuais?" - E quando eu respondo que dependendo da localidade, e percepção visual do observador, é possível não só realizar observações dos objetos do céu profundo a olho nu sem instrumentos, mas com o uso da Metodologia Cientifica as pessoas ficam surpresas. 

     É provável que alguns imaginem ao ler essas linhas em supor não ser possível nos tempos atuais fazer uso de uma observação á olho nu com valor científico, e até, conjecturar essa observação de um número baixo de objetos do céu profundo vistos sem instrumentos. Mas, fiquem certos que é sim possível esse feito extraordinário, e a Comissão Clube Messier-Polman tem a alegria em reconhecer, e certificar como Astrônoma Amadora Sistemática em Astronomia de 1° Grau, a jovem Colaboradora Evelyn da Silva Oliveira da cidade de Piripiri no Piauí por ter observado, e registrado 30 objetos Messier seguindo os critérios científicos firmados por este Coordenador nesta Comissão.    

     Em homenagem, e reconhecimento a este feito tão original na Astronomia Observacional, eu separei este trecho contido no livro "Tesouros Escondidos" de Stephen James Q'Meara que diz o seguinte:

"Por enquanto, estou vivendo sob céus naturais. Eu me sinto como um explorador que teve a oportunidade de estudar a última grande área de floresta tropical. Eu passo meu tempo documentando tudo que vejo, porque eu sei que chegará um dia em que tudo que eu ver não será mais considerado como realidade, mas como um mito. Eu espero que esse dia nunca chegue, mas até que chegue, estarei lá fora vendo o que pode ver".

Parabéns Evelyn Oliveira !!!

Audemário Prazeres

Coordenador da Comissão Clube Messier-Polman

A.A.P./U.B.A.

     Abaixo, apresento o relato encantador da jovem Evelyn Oliveira onde percebemos claramente o quanto ela é uma apaixonada pela Astronomia, e agora Certificada oficialmente por esta Comissão. 

RELATO DAS OBSERVAÇÕES DE OBJETOS MESSIER PARA GRAU 1

COMISSÃO MESSIER-POLMAN

Quando criança, gostava muito de observar o céu. Meus momentos mais profundos, se davam quando ocorriam os famosos blackouts. Por mais que naquela época ainda não reconhecesse as Constelações nem os Objetos Messier e outros Corpos Celestes ali presentes, isso não me impedia de analisar todo o comportamento daquelas estrelas.

 Minhas lembranças não me permitiam saber qual a primeira Constelação que visualizei, mas hoje posso dizer claramente que a primeira que observei foi a Constelação de Órion, as famosas Três Marias e também, a Nebulosa de Órion (M42). Pois, através das minhas pesquisas incansáveis descobri, com o tempo, que se tratava da Constelação de Órion, as Três Marias e o M42.

Alguns anos mais tarde, decidi reconhecer todo o céu e o comportamento de todas as Constelações, Objetos e Astros.

A Primeira Constelação que decidi "caçar" foi a Constelação de Quilha (Carina) e o primeiro Objeto de Céu Profundo que observei a olho nu (que não era um Messier) foi o NGC 3372, Eta Carinae. Essa motivação veio através de um Canal no YouTube sobre Divulgação Científica.

Para minha surpresa, eu me deparei com duas manchas imensas próximas umas das outras em direção a Alfa (Canopus) da Constelação de Quilha. Não sabia do que se tratava. E ao pesquisar, fui surpreendida, por que se tratavam da Grande e Pequena Nuvem de Magalhães (LMC e SMC) duas das várias Galáxias Satélites da nossa Galáxia, Via Láctea. Foi um feito incrível, lágrimas não me faltaram.

Por 3 anos, minhas Observações sempre foram, e até hoje são, a olho nu e sem quaisquer usos de instrumentos observacionais ou eletroportáteis. Em 2019, minhas "caçadas" tornaram-se ainda mais precisas. Amava revirar todo o céu a procura de novas Constelações, Messier’s e NGC's.

Sempre tendo em mãos uma Prancheta e anotando todos os movimentos de todas as 88 Constelações. Anotava também, os Eventos Astronômicos daquela mesma noite. Tinha o meu próprio Método de Observação a olho nu.

Por muitas vezes, o clima não ajudava muito. À noite quase toda, se encontrava numa escuridão e um frio intenso. Tudo e todos cercados por nuvens extensas com nebulosidades extremas. Minhas Observações se faziam durante 72 horas, iniciadas no começo da noite ou durante uma Madrugada.

Meu Hobby, era anotar os Movimentos das Constelações também durante o dia. Por isso uma carga horária maior. Passava noites sem dormir. No entanto, tudo, exatamente tudo, só para ficar sozinha com as estrelas. Acordava no meio da noite, só para observá-las, contempla-las, deseja-las. Por muitas vezes, por muitas noites, em frio, conversava com elas, na esperança de que me respondessem. Mas, o único sinal que me davam, era o silêncio e seu brilho incansável. Por muitas vezes, me diziam que ser uma estrela não era fácil. Uma vez que sempre eram pressionadas demais à sua sobrevivência interestelar. Por um ano, eu as observei.

Neste ano (2020), não conhecia a UBA. No entanto, amigos me indicaram. Então, ela se tornou uma grande oportunidade que eu tive de mostrar para as pessoas o meu trabalho. Observar o céu, é algo que eu mais amo na vida. Me transporta pra outro lugar. Outro mundo. Tive que vencer os meus medos, minhas crises de pânico no meio da noite, onde sempre estive sozinha e ao mesmo tempo acompanhada por elas.

Eu lhes digo que sim, é possível observar tudo isso, e muito mais do que vocês possam imaginar que seja possível. Tudo isso a olho nu. Sejam Messier's, NGC'S ou Planetas. Embora, grande parte desses Objetos (Messier's e NGC'S) sejam observáveis apenas com auxílio de instrumentos de observação (Binóculo, Luneta ou Telescópio).

Observá-los a olho nu para mim, foi um feito muito grande e prazeroso na minha vida. Uma vez que me remetem a outro mundo. Um mundo bem distante. Onde só existe a mim e as Estrelas.

Quando Observo, sempre tenho em mãos uma prancheta, lanterna própria para observação e uma caneta. Sempre em um local escuro. Local este, o quintal de casa. Infelizmente tem muitas limitações, uma vez que, há muitas árvores, casas ou outros itens dificultando bastante a visibilidade.

Quanto as anotações, talvez seja por que sou um pouco perfeccionista e organizada ao extremo, sempre procurei enriquecer meus relatos observacionais com inúmeras Informações, mesmo antes de entrar na comissão. Incluindo: A Fase da Lua e sua porcentagem de Iluminação; Nuvens; Transparência (Escala de Bortle); Horário de início da Observação; Pontos Cardeais; Constelação a ser observada; O Objeto observado; Referência para o Objeto na hora da observação, como por exemplo outras Constelações ou Messier's;  Magnitude Aparente do Objeto; Seu Tamanho; Sua altitude e declinação; e por fim, eu o descrevo como estou o vendo no céu.

Evelyn da Silva Oliveira