09/04/2021

Tutorial: Como Obter a Certificação "Astrônomo Observacional Amador"



TUTORIAL

COMO OBTER A CERTIFICAÇÃO

“ASTRÔNOMO OBSERVACIONAL AMADOR”

DO CLUBE MESSIER-POLMAN (UBA)

 

2ª edição

 

Material produzido e revisado por Tharcisio Caldeira, Lucivânia Souza e Matias Alves, Coordenadores do Clube Messier-Polman da UBA. A reprodução parcial ou total do material é permitida, desde que citada a fonte:

 

 

CALDEIRA, T.; SANTOS, M. L. S.; MARTINS, M. A. Como Obter a Certificação “Astrônomo Observacional Amador” do Clube Messier-Polman (UBA). 2 ed. Disponível em: <https://uba-messierpolman.blogspot.com>.


Interessado em obter a certificação de “Astrônomo Observacional Amador”, emitido pela Comissão Clube Messier-Polman da UBA?

 

Então siga essas dicas e comece sua jornada!

 

Passo 1: Cadastre-se

 

Preencha nosso formulário de cadastro se torne um colaborador da Comissão-Clube Messier-Polman. Esse cadastro é gratuito e pode ser feito aqui.

 

Passo 2: Faça o download do Relatório de Registro Observacional

 

O relatório está na lateral esquerda do nosso blog, mas pode ser acessado aqui também:

·       Clique aqui para fazer o download da ficha em formato digital;

·       Clique aqui para fazer o download da ficha em formato de impressão (02 páginas por folha);

 

 

Passo 3: Pesquise sobre os catálogos de objetos de céu profundo

 

O Clube Messier-Polman, atualmente, estimula seus colaboradores e membros a observarem e registrarem dois catálogos de objetos de céu profundo (ou DSO, do inglês Deep-Sky Objects): O Catálogo Messier e o Catálogo Caldwell:

 

·       Clique aqui  para conhecer um pouco sobre o Catálogo Messier e seus 110 objetos;

·       Clique aqui para conhecer um pouco mais sobre o Catálogo Caldwell e seus 109 objetos;

 

O Catálogo Messier e o Catálogo Caldwell são ótimas formas de se iniciar a jornada de observação de objetos de céu profundo.

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Passo 4: Planejar as observações

 

Planeje suas observações! Consulte um aplicativo de mapa estelar (Stellarium, SkySafari, Star Walk 2, etc.) e veja quais objetos Messier ou Caldwell estarão visíveis naquela noite, em qual posição e direção, quais têm maior ou menor magnitude aparente etc.

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Passo 5: Registre suas observações

 

O Relatório de Registro Observacional, além do formato de impressão (02 por página), está também em formato PDF editável, para quem desejar preencher o relatório em notebooks, smartphones ou tablets. Ela também está adaptada para funcionar em “modo noturno”.

 

Como preencher os campos:

·       Observador: insira seu nome completo;

·       Data e Hora: registre o momento exato em que você conseguiu identificar o objeto Messier a ser registrado;

·       Certificação: indique qual o nível de certificação que está solicitando (1º, 2º, 3º ou 4º Grau);

·       Localização: indique as coordenadas geográficas de onde está realizando a observação. Existem diversos aplicativos (como Google Maps) que podem fornecer sua localização em tempo real;

·       Objeto: indique qual o objeto Messier que está sendo registrado (por exemplo: M-31, C-86 etc.);

·       Catálogo: marque um “X” indicando o catálogo de origem do objeto registrado;

·       Constelação: indique a constelação na qual se situa o objeto registrado;

·       Tipo: os objetos de céu profundo constantes nos Catálogos Messier e Caldwell podem ser dos seguintes tipos: aglomerados estelares abertos, aglomerados estelares globulares, aglomerados com nebulosas, nebulosas planetárias, nebulosas H-II, nebulosas escuras, galáxias e remanescentes de supernova;

·       Instrumento utilizado: descreva aqui, com maior riqueza possível de detalhes técnicos, o(s) equipamento(s) utilizado(s) no registro observacional. Em caso de binóculos e/ou telescópios, indicar marca e especificações técnicas; caso a observação tenha sido feita a olho nu, basta colocar “olho nu”;

·       Ocular: preencha somente em caso de uso de telescópio(s), indicando quais as oculares utilizadas no registro observacional. Registre como “Ocular 1” a ocular de menor potência e como “Ocular 2” a ocular de maior potência, caso utilize duas oculares. Em caso de binóculos ou olho nu, não há a necessidade de preencher estes campos;

·       Filtro: assim como no caso da ocular, preencha somente em caso de uso de telescópio, indicando se algum filtro foi utilizado na ocular (e qual filtro);

·       Magnitude Aparente: indique a magnitude do objeto observado, de acordo com sua percepção. Tal percepção necessita ser exercitada constantemente por um astrônomo observacional, de forma a se aproximar cada vez mais da magnitude real. O ideal, no início, é utilizar o brilho de estrelas próximas (com magnitude conhecida) como referência;

·       Magnitude do Stellarium: indique qual a magnitude do objeto registrado, de acordo com o Stellarium ou outro programa de referência. Esta marcação não precisa ser realizada no momento da observação, posto que ela servirá somente para fins de comparação entre sua estimativa e a magnitude aparente registrada;

·       Escala Bortle (1-9): indique sua percepção de escuridão do céu, de acordo com a escala de Bortle de 9 pontos a seguir:

 

Escala

Nome

Descrição

1

Céu excelente

Perfeita visibilidade da luz zodiacal. A olho nu, é possível visualizar objetos de magnitude entre 7 e 8.

2

Tipicamente escuro

Evidências iniciais de luminescência atmosférica. A Via Láctea ainda é completamente visível a olho nu, bem como objetos de magnitude entre 7 e 7,5.

3

Céu rural

Evidências iniciais de poluição luminosa. Ainda pode se ver a Via Láctea,bem como objetos com magnitude entre 6,5 e 7.

4

Transição rural-suburbano

Surgimento de focos de poluição luminosa. A Via Láctea já não se apresenta de forma estruturada. Objetos com magnitude entre 6,0 e 6,5 ainda visíveis a olho nu.

5

Céu suburbano

A Via Láctea está praticamente invisível. O olho nu consegue visualizar objetos de magnitude entre 5,5 e 6.

6

Céu suburbano iluminado

Não é possível visualizar a luz zodiacal. A Via Láctea só pode ser vista no zênite. Somente objetos de magnitude inferior a 5,5 são visíveis.

7

Transição suburbano-urbano

Poluição luminosa em todas as direções. A Via Láctea está praticamente invisível. Somente objetos com magnitude inferior a 5 são visíveis a olho nu, com esforço.

8

Céu urbano

É possível ler no escuro. Muitas constelações já não são visíveis, posto que somente objetos com magnitude inferior a 4,5 são visíveis a olho nu.

9

Céu de centro-urbano

Céu completamente iluminado. A maioria das constelações já não são visíveis, bem como qualquer objeto com magnitude superior a 4.

Fonte: Bortle (2006).

 

É fundamental preencher esse campo adequadamente, pois influencia significativamente a capacidade de verificação de seus registros. Este é um exercício constante de avaliação das condições do céu noturno. A figura a seguir ilustra como avaliar adequadamente as condições do céu.

Fonte: King (2018).

 

·       Transparência (0-7): indique sua percepção em relação à transparência do céu. Note que não se trata da escuridão do céu (que pode ser medida pela Escala Bortle), mas sim de condições atmosféricas, mais especificamente estabilidade atmosférica e quantidade de nuvens, como ressalta Mollise (2006). Para mensurar sua percepção de estabilidade atmosférica, você pode se basear na escala a seguir, que já apresenta parâmetros em relação às principais estrelas do hemisfério sul: 

Escala

Condição

Descrição

Parâmetros comparativos

0

Completamente nublado

Não há estrelas visíveis

Não há estrelas visíveis

1

Muito pobre

Nuvens cobrindo a maior parte do céu

Momentânea claridade no céu

2

Pobre

Nuvens irregulares ou névoa pesada

 e  Crux visíveis

3

Pouco claro

Cirrus ou névoa moderada

 e  Crux visíveis

4

Parcialmente claro

Ligeira névoa

 e  Crux visíveis

5

Limpo

Ausência de nuvens

Via Láctea visível (visão periférica), além de  e  Crux visíveis

6

Muito limpo

Ausência de nuvens, pouca interferência do brilho de cidades e pouquíssima poluição luminosa

Via Láctea visível, todas as estrelas do Cruzeiro do Sul visíveis, nebulosa do Saco de Carvão (C-99) visível

7

Extremamente limpo

Ausência de nuvens, interferência mínima do brilho de cidades. Céu escuro.

Aglomerado Centauri (C-80) e aglomerado 47 Tucanae (C-106) visíveis.

Fonte: adaptado de Tellescópio.com (2014).

 

·       Desenho à mão: faça o esboço do objeto Messier (ou Caldwell) que está sendo observado. Não há a necessidade de esboçar uma “obra de arte”, pois não há a exigência de ser nenhum “Van Gogh”. Contudo, procure desenhar os objetos de maneira mais realista possível, para facilitar a verificação dos relatórios, posteriormente.

 

ATENÇÃO: O desenho dos objetos DEVE ser feito à mão ou com o uso de caneta digital. Astrofotografias não serão aceitas.

 

A título de exemplo, seguem alguns exemplos de fichas preenchidas (o nome do observador e sua localização foram ocultados, por questões de segurança).



As fichas dos exemplos foram preenchidas digitalmente, e os desenhos foram feitos com caneta digital. Caso decida imprimir suas fichas de observação, lembre-se de fazer seus esboços com lápis (canetas não são recomendadas, pois impedem eventuais correções antes de finalizarem o registro).

 

Passo 6: Enviando sua solicitação para a Comissão Clube Messier-Polman

 

A Comissão Clube Messier-Polman certificará sua observação astronômica em quatro diferentes níveis, de acordo com os critérios a seguir

·       Astrônomo Observacional Amador de 1° Grau (Messier): observação e registro de 30 objetos do Catálogo Messier;

·       Astrônomo Observacional Amador de 2° Grau (Messier): observação e registro de 60 objetos do Catálogo Messier (já incluindo os 30 objetos observados para a obtenção do 1° Grau);

·       Astrônomo Observacional Amador de 3° Grau (Messier): observação e registro de 90 objetos do Catálogo Messier (já incluindo os 60 objetos observados para a obtenção do 2° Grau);

·       Astrônomo Observacional Amador de 4° Grau (Messier): observação e registro de todos os 110 objetos do Catálogo Messier.

 

·       Astrônomo Observacional Amador de 1° Grau (Caldwell): observação e registro de 30 objetos do Catálogo Caldwell;

·       Astrônomo Observacional Amador de 2° Grau (Caldwell): observação e registro de 60 objetos do Catálogo Caldwell (já incluindo os 30 objetos observados para a obtenção do 1° Grau);

·       Astrônomo Observacional Amador de 3° Grau (Caldwell): observação e registro de 90 objetos do Catálogo Caldwell (já incluindo os 60 objetos observados para a obtenção do 2° Grau);

·       Astrônomo Observacional Amador de 4° Grau (Caldwell): observação e registro de todos os 109 objetos do Catálogo Caldwell.

 

Sempre que completar o número de observações e registros necessários para a obtenção de um certificado, o interessado deverá gerar um único arquivo (Um único PDF compilado ou um arquivo ZIP/RAR compactado) com o seguinte conteúdo:

a)    Breve resumo de sua “jornada” durante o período de observações;

b)    Todos os Relatórios de Registro Observacional requeridos (se os relatórios foram impressos e preenchidos à lápis, é necessário digitalizá-los);

Este arquivo deverá ser enviado para o e-mail

ubaclubemessierpolman@gmail.com

com o assunto “Solicitação de Certificação”.

Não deixe de incluir seus dados pessoais para que possamos identificá-lo adequadamente.

 

Passo 7: Conclusão

 

Seus relatórios serão verificados pela Coordenação da Comissão Clube Messier-Polman e, caso não existam inconsistências, você receberá, por e-mail, seu certificado de “Astrônomo Observacional Amador” (Messier e/ou Caldwell), de acordo com o grau solicitado.

 

 

Passo 8: Continue sua jornada e aumente seu grau de certificação!

 

Pode até parecer que é um longo caminho para se chegar ao certificado de Astrônomo Observacional Amador de 4° Grau. Mas não é. Não vamos entrar nesse assunto aqui, mas pesquise sobre “Maratonas Messier” ou “Maratonas Caldwell”, e verá que é possível completar um dos catálogos em muito pouco tempo, desde que o clima, as condições atmosféricas e o equipamento ajudem...

 

Então, sempre que obter um novo grau de certificação, não se acomode e comece logo a próxima etapa da jornada!




REFERÊNCIAS

 

BORTLE, J. E. Gauging Light pollution: The Bortle Dark-Sky Scale. Sky & Telescope, 2006.

KING, B. How Dark Is Your Night Sky?Sky & Telescope, 2018. Disponível em: <https://skyandtelescope.org/observing/how-dark-is-your-night-sky/>. Acesso em: 5 abr. 2021

MOLLISE, R. The Urban Astronomer’s Guide. London: Springer-Verlag London, 2006.

TELLESCÓPIO.COM. Determinando o Seeing e a Transparência do Céu. Disponível em: <https://tellescopio.com.br/determinando-seeing-transparencia>. Acesso em: 7 abr. 2021.

 

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